segunda-feira, 27 de junho de 2011

Um papo com Del Harris

Ele foi o principal comandante do Milwaukee Bucks, Houston Rockets e dos Lakers, time pelo qual foi considerado o melhor técnico da NBA na temporada 1994/95 e treinou um ser que hoje é considerado o melhor do mundo (mas essa não é o que Del Harris acha), Kobe Bryant, que naquela época estava dando seus primeiros passos na liga. Foi também assistente técnico do Dallas Mavericks, Chicago Bulls, New Jersey Nets e da seleção do EUA, equipe que ganhou um bronze no mundial de 1998. Trabalhou em Porto Rico durante sete temporadas, vencendo três campeonatos e treinou também a seleção chinesa, equipe do All-Star Yao Ming.


Del Harris esteve no Brasil para participar do curso da ENTB (Escola Nacional de Técnicos de Basquete). Sendo a principal atração do curso em Belo Horizonte, que ocorreu semana passada, Harris conversou com o PapoBasquete.

Del, se fosse para descrever sua carreira em poucas palavras, quais seriam? Por quê? Trabalho e eterno aprendizado. Pois desde o início da minha carreira de treinador até os dias atuais, vivo aprendendo com os atletas. Essa é a maior motivação que um profissional pode ter.

Podemos dizer que o senhor é da velha escola de técnicos. Você teve que se adaptar às novas técnicas ou ainda utiliza as velhas técnicas, que no caso do senhor, deu muito certo? Não acredito que exista essa coisa de velho e novo. O novo se mostra presente com amostras do passado. Quando comecei a aplicar o sistema defensivo, que era uma coisa nova, vamos dizer assim, eu já me baseava em táticas anteriores. Misturei tudo e por aí vai.

Então, quais as principais diferenças entre as táticas antigas e as novas? Acredito que o setor defensivo, do qual eu gosto bastante, tem sido o mais explorado taticamente. O marcador que também sabe pontuar bastante. Isso é algo que antigamente não havia tanto e hoje temos muitos exemplos de jogadores que fazem bem as duas funções. Basicamente isso.

Em relação às técnicas empregadas atualmente, acha que as escolas de técnicos criam bons profissionais capazes de assumir grandes equipes? As Escolas de Treinadores são uma excelente iniciativa para a capacitação do profissional dentro e fora de quadra. Passar a experiência de quadra para os mais novos e receber feedback deles é ótimo. Venho ensinar, mas também acabo aprendendo. Não sou saudosista, acredito que o basquete segue numa boa evolução e tem bons novos treinadores.

Atualmente, os jogadores, ainda cedo, já são super-valorizados. Você acha que isso é bom para o jogador? Não acho. Esse é um dos maiores problemas atuais. Um atleta com vinte e poucos anos já acha que sabe tudo, e isso não é verdade. O sucesso é cada vez mais precoce e meteórico. Olha o bom exemplo de Dirk Nowitzki, demorou anos para evoluir e hoje é, sem dúvidas, o melhor jogador da NBA. São anos de amadurecimento.

O que você acha sobre jogadores que chegam ao estrelato e não querem defender a seleção? Defender a seleção é uma escolha muito pessoal. Jogar pelo seu pais é um sonho de qualquer jogador, mas prefiro não ficar falando de casos específicos. Pra mim, treinar a seleção norte-americana foi um motivo de muito orgulho. Sempre tentei passar isso aos meus jogadores.

Qual sua expectativa sobre a Escola de Técnicos realizada pela CBB que você vai participar? O basquete no Brasil tem evoluído bastante. Temos acompanhado de perto os jogadores brasileiros na NBA e na Euroliga e, realmente, as expectativas são boas. O Brasil sempre foi um equipe muito difícil de jogar. O trabalho é a longo prazo, acho que realmente o esporte aqui vai crescer muito.

E sobre o Pré-Olímpico, quem leva as duas vagas? Sobre as duas vagas, prefiro não opinar (risos). Mas seria muito legal se o Brasil conseguisse uma dessas.

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